Escrevo mais para mim que para alguém em especial... porque me reconheço no que escrevo e porque escrever faz parte de mim
Segunda-feira, 7 de Janeiro de 2008
Um ‘espirro’ do destino

8 de Novembro de 2006, 06h30

Ann acordou, de manhã, estremunhada – após rever cerca de nove vezes a morte de Alex, num sonho atribulado – e sobressaltada com o som do despertador, ligeiramente diferente do costume. Em vez dos apitos de som computadorizado que geralmente ouvia, o som agudo do telemóvel, ordenado para tocar às 6.30, assustou-a. Não se lembrava de programar o telemóvel para a despertar desde os seus 19 anos. Como continuava sem se recordar de nada do que se havia passado na noite anterior, acabou por não estranhar demais.

Sentou-se na cama, nem reparando que não trazia o vestido vermelho com o qual acabara por adormecer. Calçou os chinelos, colocados sempre do lado direito da cama, e, esfregando a cabeça ligeiramente dorida, avançou para a casa de banho, de olhos ainda praticamente fechados. Não necessitava deles bem abertos, porque, afinal de contas, conhecia o seu apartamento melhor do que ninguém.

Qual não foi o seu espanto quando, após alguns passos cambaleantes, acabou por bater com o joelho direito em algo duro. Desviando-se para a esquerda, onde pensava estar a entrada para a casa de banho, tentou avançar, embora continuasse a embater sempre no mesmo sítio. Obrigando-se a si mesma a abrir os olhos, encontrou, surpresa, a antiga cómoda de madeira velha que fora de seus avós. Recuando para a admirar, levou a mão à cabeça, para tentar impedi-la de girar e de doer, de modo a permitir-lhe pensar com clareza.

                 

Aquela cómoda… o que estava ali a fazer? Deixara-a na casa dos seus pais, quando se mudara para o apartamento.

Olhando à sua volta, obrigando os seus olhos a habituarem-se à escuridão, começou a reconhecer, aos poucos, o velho quarto onde dormira durante quase 20 anos. A cama antiga, de madeira escura, a secretária de madeira semelhante, a cómoda a condizer, as mesinhas-de-cabeceira que ladeavam a cama. Os vários peluches espalhados, peludos, divertidos, mais para decoração do que para a brincadeira. Estranhamente, os livros da escola, que julgava ter arrumado, estavam espalhados na mesa, bem como o estojo do Rato Mickey que comprara na sua ida a Paris. O suporte para a televisão continuava vazio, fixado à parede acima da secretária, ainda coberto com os mesmos bonecos.

Não se recordava de ter conduzido até à casa dos seus pais. Teria feito isso durante a noite, meia sonâmbula, quando já não aguentava rever a morte de Alex? Teria procurado a sua família, na ânsia de consolo, um braço querido que a fizesse sentir menina, criança feliz, outra vez?

Dirigiu-se à casa de banho, agora já sem tropeçar, bem acordada pela admiração. Deixou a água escorrer com força pela torneira do lavatório e encharcou as mãos, atirando o líquido fresco para a face. Localizou rapidamente a toalha de rosto cor-de-rosa, colocada com cuidado sempre no mesmo varão e enxugou a cara. Dobrando-a, novamente, para a colocar no mesmo varão, suspirou e olhou para o espelho rectangular, fixado à parede por cima do lavatório.

Teve de se conter para não gritar do susto. Levando a mão à boca, a fim de o evitar, recuou alguns passos, de olhar mortalmente pálido fixo na superfície rectangular espelhada. O olhar assustado que o espelho lhe devolvia era, nada mais, nada menos, que o do corpo de uma jovem de 17 anos, de cabelos castanhos rebeldes e olhos igualmente castanhos – tudo semelhante ao que possuíra durante a sua própria juventude.

Tocando na cara, no cabelo, no pijama às riscas e beliscando-se diversas vezes, Ann concluiu que era ela e que estava bem viva e acordada naquele momento. Com a única ressalva de que era uma “ela” de 17 anos de idade, e não os 24 a que já estava tão acostumada.

Respirando com dificuldade, ofegante, correu para o quarto, onde acendeu a luz do candeeiro do tecto, que a cegou por uns momentos. 

Dirigindo-se à escrivaninha de madeira, remexeu nos livros e cadernos abertos, acabando por encontrar o que procurava: uma agenda pequena, colorida, semelhante à que usava todos os anos, repleta de apontamentos e pequenos papéis, presos com clipes prateados. Abrindo-a, quase freneticamente, no dia marcado pelo clipe maior, acabou por se sentar na cadeira em frente à mesa, chocada: o calendário marcava o dia 8 de Novembro de 2006. Precisamente um dia antes da morte de Alex!

Talvez o destino tivesse resolvido dar um empurrãozinho a Ann para que não tivesse de perder o seu amigo. Ou talvez o destino se tivesse distraído, permitindo-lhe, por algum tempo, e de alguma forma milagrosa, regressar no tempo para salvar a vida daquele que tanto lhe dizia.

Ann tomou consciência, repentinamente, da missão que tinha pela frente e fez-se luz, na sua mente, quanto ao que Greg Marshall dissera no e-mail: “algo que se poderá passar, se não me engano, ainda esta noite e que, se não for controlado, poderá alterar certos percursos naturais do fluxo do tempo, implicando, inclusivamente, algo relacionado com a morte de Alex.”. Era, com certeza, a isto que o cientista se referia, sem o saber!

Ann sabia que recebera uma inesperada e rara segunda oportunidade, na vida, e não tencionava desperdiçá-la. Não desta vez.

 


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escrito por Palavreadora às 19:18
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Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2008
O último dia

 4 de Dezembro de 2013, 01h18

Duas horas depois, saíram ambas do escritório de Aidan Kanishka silenciosas e pensativas. Tinham, ainda e sem notarem, o estranho gosto, no paladar, do sabor agridoce do sinistro licor que Aidan lhes servira, a meio da conversa, de uma garrafa escura sem rótulo, que guardava a sete chaves num cofre de aspecto forte, de madeira talhada a ouro.

Ann segurava a pequena mala na mão, balançando-a inconscientemente. Magie olhou para ela, a boca entreaberta para falar. Arrependendo-se, calou-se, voltando a mirar o chão.

Alcançaram o hall em poucos minutos, sem parar para se despedirem dos restantes convidados. Após lhes serem trazidos os casacos, dirigiram-se para o carro, entrando igualmente mudas, sem se aperceberem da figura encapuzada que as seguiu de longe, a partir da esquina do hotel, num pequeno automóvel preto.

As suas mentes vagueavam, indecisas, levando-as, inconscientemente, a apagar as memórias dessa noite, enquanto o álcool da última bebida que haviam tomado, no escritório do décimo oitavo andar, se evaporava.

Ann dirigiu distraída, durante todo o caminho, acelerando em sinais vermelhos e parando praticamente no meio da auto-estrada. Sentia-se tão alienada do resto do mundo que nem estranhou o facto de Magie não reclamar pela sua perigosa condução.

Parou à porta de Magie, como se de um velho hábito se tratasse, e olhou para a amiga, proferindo o que lhe pareciam ser as primeiras palavras dessa noite.

– Magie?... Eu não quero parecer louca, mas… acreditas que, embora tenha a sensação de que passei um serão divertidíssimo contigo, não me lembro de nada do que fizemos?

Entreolharam-se, de olhares vagos e perdidos, e Magie sorriu ligeiramente, como que dizendo “É como eu!”, saindo do carro após um curto “Oh, não ligues. Boa noite.”.

Após deixá-la em casa, Ann estacionou o BMW na sua garagem, não falhando, por pouco, o seu lugar reservado. Ao sair dele, cambaleante, não notou o carro preto que estacionara do lado de fora da garagem, nem o vulto encapuzado que seguia os seus movimentos com uns potentes binóculos de visão nocturna.

Já no seu apartamento, deitou-se sobre a cama ainda feita, ignorando Ruffles, que resmungou, rosnando. Pela sua cabeça passavam imagens confusas, tanto demasiado coloridas como pretas e brancas, mas todas elas difusas, desde a barba branca alourada de Aidan Kanishka à cara sorridente de Alex…

Teve uma noite complicada. Enroscou-se nas almofadas grandes avermelhadas de bordos dourados que enchiam a cama, juntamente com as pequenas douradas, e sentiu as lágrimas escorrerem-lhe pela face, enquanto se agitava, tentando afastar os sonhos que lhe invadiam a mente.

A cara sorridente de Alex insurgia-se constantemente num remoinho de recordações. Alex a atravessar a rua, na sua direcção… Alex a acenar-lhe, enquanto ela lhe devolvia o aceno… O sorriso, o último sorriso de Alex… O carro azul que lhe roubou a vida sem piedade, num dos momentos mais felizes da sua vida…

Este é o "último dia". Fazes alguma ideia do porquê?

 


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escrito por Palavreadora às 16:02
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Segunda-feira, 26 de Novembro de 2007
"Talvez seja agora…"

3 de Dezembro de 2013, 23h15

Ann dirigiu-se de novo aos grandes salões, procurando Magie. Encontrou-a conversando com Matt – estaria, provavelmente, a explicar ao noivo o quão complicados eram aqueles meses para a empresa e o porquê “profissional” de Ann andar demasiado ocupada para lhe dispensar o tempo que merecia. Com pouca vontade de encarar o noivo, naquele momento, Annie colocou-se numa posição em que este não podia vê-la e fez sinais discretos a Magie para que a seguisse. Ouviu a amiga desculpar-se ao seu noivo, para a seguir se juntar a ela.

– Ele está bem? – Inquiriu Annie, quando já estavam afastadas de todos e subiam a enorme escadaria principal do hotel.

        – Bem, tirando o facto de que pensa que andas com outro e que já não queres casar com ele, sim, diria que está muito bem. – Respondeu Magie, com um pequeno sorriso.

Oh, caramba. Eu apenas… não estou em condições de estar com ele, agora. Magie… tu entendes-me. É claro que continuo a querer casar com ele. É só que… Ainda agora, quando falámos, eu nem via bem a cara dele… por momentos, até, pareceu-me ver a cara… do Alex.

        – Estás a tornar-te obsessiva, Annie. Essa tua paranóia de ligares àquela brincadeira de mau gosto não te vai levar a lado nenhum, muito pelo contrário. O facto de te estares a afastar gradualmente do Matt só vai fazer com que o percas e, consecutivamente, te sintas culpada por o teres feito sofrer e sofras também. Digo-te isto como amiga, Annie, mas a verdade é que ligas mais a um morto do que ao teu noivo! Desculpa a crueza das palavras, mas é o que parece.

Annie permaneceu com uma expressão neutra que não permitiu a Magie saber o que passava pela cabeça da amiga. No entanto, Magda compreendeu que Annie ainda julgava que a carta que recebera podia ser verdadeira.

Permaneceram uns minutos em silêncio, enquanto se dirigiam a um elevador de portas douradas. Após entrarem, Ann clicou no botão correspondente ao décimo oitavo andar.

        – Já agora, onde é que vamos? – Questionou Magda.

        – Vamos a uma pequena reunião com o anfitrião, o Aidan Kanishka. Talvez seja agora…

        E com esta estranha afirmação manteve-se em silêncio, aguardando, nervosa, que o elevador tilintasse com o vulgar e agudo som, indicando que haviam chegado ao último e parcamente iluminado andar do grandioso hotel.

O que te parece que a Annie quer dizer com aquela estranha afirmação? O que deve estar prestes para acontecer?


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escrito por Palavreadora às 15:01
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Quarta-feira, 12 de Setembro de 2007
O Jantar

      3 de Dezembro de 2013, 21h40

 

       Ann estava esplendorosa no longo vestido vermelho. Ela e Magie haviam conseguido fazer uma verdadeira transformação na face transtornada de Annie, tornando-a fresca e brilhante. O cabelo, preso com elegância por uns simples e grandes ganchos, caía em cachos juvenis nos ombros morenos descobertos.

       O rosto, com pouca maquilhagem, de modo a não exagerar a artificialidade da beleza natural de Ann, estava seco e um sorriso timidamente aberto mostrava a fileira de dentes perfeitos e brancos, combinado com destreza com acenos contidos para as objectivas das câmaras da insaciável imprensa, que rodeava a entrada do famoso hotel de 5 estrelas.

       As três grandes e ricamente decoradas salas, contíguas umas às outras, estavam repletas de mulheres, novas e velhas – todas muito ricas – nos seus melhores e mais vistosos vestidos de noite e de homens, novos e velhos – também todos eles muito ricos – nos seus mais belos e mais caros fatos de estilistas mundialmente conhecidos.

O jantar em si era refinadamente banal. Nas mesas compridas, com toalhas de damasco brancas, repousavam diversas travessas de prata repletas de especiarias e delícias ao gosto de todos. As pessoas circulavam elegantemente, com copos de champanhe na mão, mantendo as conversas de circunstância num tom agradável.

Ann circulava, igualmente. Mantendo um sorriso convincente, cumprimentava com leves acenos de cabeça e um aperto de mão firme e caloroso, tendo sempre o cuidado de não se afastar muito de Magie, a pedido desta. Ao que parecia, a amiga estava receosa que Annie se fixasse demasiado no conteúdo da carta que haviam recebido.

Magie tinha a sua razão. Desde que chegara que Annie procurva discreta mas ansiosamente, Aidan Kanishka, o anfitrião. Ansiava por lhe falar. E se a carta que recebera fosse verdadeira e pudesse realmente salvar a vida do Alex? Ann não sabia que relação podia haver entre ele e o indiano, mas tinha o pressentimento de que, se alguém a podia ajudar a reaver o amigo, esse alguém era Aidan.

 Abanando a cabeça, para se obrigar a si mesma a afastar esses pensamentos ridículos, Ann afastou-se das salas repletas de conversas e risos e atravessou o hall de entrada do hotel, dirigindo-se a uma saleta praticamente vazia, onde repousava um lindo e preto piano de cauda.

«Eu estou a ficar maluca. Tenho de me convencer a mim mesma da realidade. Alex morreu há sete anos e não há nada nem ninguém que o possa trazer de volta… Por muito que eu o queira.»

Ann sentou-se num cadeirão, num dos cantos da sala, onde permitiu à sua mente, pela segunda vez nesse dia, divagar pelas recordações da sua adolescência, tempos idos em que se considerava realmente feliz.

Cerca de 10 minutos depois, sentiu uma mão no seu ombro. Era uma mão quente e forte; Ann presumiu que fosse masculina. Suspirando, disse:

– Matt, eu sei que não falamos há dois dias, mas já te pedi ainda há um bocado para me deixares sozinha durante algum tempo. Estou extremamente cansada e andam a passar-se coisas que me tiram do sério e eu preciso de pensar, está bem? Mas sozinha.

A voz que ouviu, no entanto, não tinha nada a ver com a do seu noivo. Tinha um estranho sotaque e era mais grave e séria, mais velha e rouca, mais sábia. Ann virou-se e encarou, apanhada de surpresa, Aidan Kanishka.

– Precisamente por causa dessas… coisas… que se andam a passar, cara Ann, é que desejo falar consigo e com a sua amiga. Quem sabe se não podemos resolver todos os problemas que tanto a assustam. Incluindo, é claro, o problema relativo ao seu jovem amigo.

O que achas que o anfitrião indiano pode ter a ver com Alex?

 


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escrito por Palavreadora às 14:30
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Terça-feira, 11 de Setembro de 2007
Indecisão

3 de Dezembro de 2013, 20h30

– Isto é um absurdo. Andam a brincar connosco, só pode. E garanto-te, Magie, que não estou a achar piada nenhuma! Quem quer que seja que está a fazer isto vai pagá-las caro, ai podes crer que vai!

Ann andava há um quarto de hora de um lado para o outro, no quarto, resmungando. De vez em quando ouviam-se as palavras “processá-los”, “tribunal”, “enorme desplante” e “ai vão pagá-las, vão!”. Magie estava agarrada a uma almofada bege, de folhos dourados, de cabeça baixa, pensativa, sentada na cama de colcha igualmente bege e dourada, grande e fofa. O envelope e a carta estavam a um canto da divisão, no chão de madeira envernizada. Já haviam sido atirados, recolhidos e lidos de novo e novamente atirados, com fúria, pelo ar.

– Se calhar… e se mantivéssemos a calma, Annie? E se ligássemos a esse Greg?

– Não me digas para manter a calma, Magie. – Annie parou de andar e falou numa voz assustadoramente baixa e contida, como se estivesse de novo à beira das lágrimas. – Sabes perfeitamente o que significa para mim ouvir falar do Alex, mesmo sendo sete anos depois. Fiz tudo para esquecê-lo, a ele e à morte dele, e agora volta tudo para cima de mim como se não bastasse a consciência com que vivo todos os dias para me castigar.

– Pára com isso, Annie! Pensava que já era mais que tempo de compreenderes que a morte dele não foi culpa tua! Mas agora não é isso que está em questão. Telefonamos ou não a esse Greg? E quanto ao jantar, vamos ou não?

Ann permaneceu muda durante uns minutos, olhando para o chão. Magie não podia perceber o que se passava com todos os sentimentos contraditórios que a amiga tinha dentro dela, pois o cabelo ondulado, já seco, tapava-lhe a cara e tinha as mãos de punhos cerrados enfiadas nos bolsos do roupão de banho branco que vestira entretanto.   

– Não. E sim.

Magie virou-se, com a interrogação estampada no rosto, enquanto arrumava as garrafas de água que haviam sido deixadas em cima da mesinha de cabeceira.

– Não vamos telefonar ao tal cientista, mas vamos ao jantar. – Esclareceu, notoriamente mais calma.

– Muito bem. Parece-me uma decisão acertada. Mas… Annie? – Chamou Magda, subitamente muito séria. – Esta decisão não tem nada a ver com essa parvoíce de poderes salvar a vida do Alex, pois não? Sabes perfeitamente que isso não é possível, não sabes? – Perante um aceno de cabeça hesitante e afirmativo por parte de Ann, Magie suspirou. O olhar de Annie era o de uma criança que não acredita que não pode comprar o gelado da cor preferida. – Só tenho medo que cries expectativas sobre uma coisa que não pode acontecer. Podia ser pior para ti, ficarias de rastos ao aperceberes-te que não havia volta a dar. Acalma-te, por favor. Mantém a cabeça na terra, como é tão teu costume, e vamos a esse jantar sem esperar nada mais que as vulgares taças de champanhe e janotas metidos em fatos Armani elegantes, ok?

Ann conseguiu sorrir.

O que achas que vai aontecer no jantar? Achas que Ann vai conseguir manter a cabeça na terra, como Magie lhe pediu?


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escrito por Palavreadora às 16:26
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Segunda-feira, 10 de Setembro de 2007
A segunda missiva

3 de Dezembro de 2013, 20h00

Ann olhou para Magda como se esta estivesse maluca. Os nervos sensíveis e agitados, dentro de si, levaram-na a dar uma risada, imediatamente silenciada ao aperceber-se pelo olhar da amiga que Magie dizia a verdade.

– Espera lá! Tu estás a falar a sério… Eu?! … O que queres dizer com isso?

– Quero dizer, Ann, que a carta foi escrita pelo teu punho, tem a tua letra. O remetente… – Magie hesitou, ponderando se devia contar ou não – … é o da casa do Alex … e o endereço é o do teu escritório.

– Magie… alguém poderia facilmente imitar a minha letra, não é nada assim de tão complicado. E se eu mandasse uma carta a mim mesma, acho que me lembraria do facto, não te parece?! Mesmo que a recebesse 7 anos depois! – Ann não reparara que estava a gritar.

Dirigindo-se à amiga, pegou no envelope que esta segurava e olhou para as moradas digitadas à mão. A letra parecia-se tremendamente com a sua, o que a irritou ainda mais. Estava endereçada a Ann Claire, com uma nota de que deveria passar primeiro por Magda Harris. Quase rasgando o envelope para tirar a carta lá de dentro, abriu-a com fúria, apercebendo-se, entretanto, que era um pedaço rasgado de uma folha de um caderno A4. O conteúdo era excessivamente curto, indubitavelmente explícito e de uma simplicidade angustiante, escrito com a sua caligrafia mais apressada.

 

 

É absolutamente imperativo que tu e a Magie vão ao jantar. Se o fizerem, poderão salvar a vida do Alex.

O que pensas do conteúdo da carta? Achas que Ann vai optar ou não por ir ao jantar? 


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escrito por Palavreadora às 14:43
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Sexta-feira, 7 de Setembro de 2007
uma carta do passado

  3 de Dezembro de 2013, 19h45

       Ann leu a mensagem mais três vezes antes de ficar paralisada pelo jorro de emoções que, de tão raro era aparecerem, a enchiam de diversos, incontroláveis e contraditórios sentimentos. Ainda a tremer, pegou no telefone sem fios que repousava em cima da mesa, marcando, inconscientemente, o número daquela que a entenderia melhor que ninguém – Magie.

        No entanto, a amiga não estava em casa. Ann lembrou-se, vagamente, que Magie lhe dissera que pensara sair antes de irem ao jantar. Ouviu a voz calma de Magda no gravador, anunciando que telefonaria assim que ouvisse a mensagem que deixassem depois do sinal.
      ¨¨Bip¨¨
       «Olá Magie… sou eu… podes… podes telefonar-me mal oiças isto? É assim uma espécie de emergência… não, é uma emergência mesmo! Quer dizer, não me aconteceu nada, não estou ferida nem a morrer… mas, ao que parece, é um caso de vida ou de morte… mas… bem… nem sei se é ou não, não percebi, é sobre… fluxos de tempo ou assim… bem, liga-me, sim? É que… és a única que percebe… ai, Magie! Nunca pensei ficar assim só por me lembrar do nome dele outra vez, dá para acreditar?! Mas… Oh! Que disparate. Liga-me só, está bem? Obrigada. Beijinhos.»
         Ann desligou o telefone e dirigiu-se ao quarto, deitando-se em cima da cama, sem se preocupar com o cabelo ainda molhado. Permitiu a si mesma cerca de 10 minutos de divagações, acompanhados de frias lágrimas, que acabaram por ser interrompidas pela estridente campainha do telefone. Levantando-se de um salto, correu para o aparelho sem fios, clicando atabalhoadamente no botão que lhe permitiria atender a chamada.
      – Annie?! – Gritou a voz do outro lado da linha. Aparentemente, Magie ficara muitíssimo preocupada com a mensagem de voz que Ann deixara, minutos antes. – Que se passa? Assustaste-me imenso!
        – Eu… nem sei por onde começar, Magie! … – A voz de Ann, por seu lado, estava fraca e trémula.
        – Annie, acalma-te, em primeiro lugar. Respira. Queres que vá aí? É mais fácil se eu for aí?
       – Sim… sim! Vem cá, vens? É que não sei que fazer… a que horas é a festa?
        – É às 21h30, mas não te preocupes com isso agora. Já estou a chegar aí, não saias de casa, já vou. Vai à cozinha e bebe um pouco de água, sim? Até já.
Magie desligou. Annie deambulou pela casa, enquanto bebia dois copos de água gaseificada. Lembrou-se que ainda estava de toalha de banho e vestiu uma camisola larga e uns jeans velhos que usava para andar por casa. Sete minutos depois, ouviu a campainha da porta tocar duas desesperadas vezes. Distraída, pensou que Magie devia ter quebrado umas quantas regras do Código da Estrada, para ter chegado ali tão depressa.

Ao abrir a porta, deixou que Magie lhe desse um abraço terno. De seguida encaminhou-a para o escritório, onde a deixou ler o e-mail de Greg. Tal como Annie, Magie necessitou das mesmas três leituras para captar o sentido a mensagem.

– Isto… isto… não é possível. Só pode… só pode ser coincidência. Ou então é uma brincadeira de muito mau gosto. – Disse esta frase em voz baixa, mais para si mesma do que para Ann, mas a deixa não lhe passou despercebida.   

– Magie… MAGIE! – Annie teve de gritar para obter a atenção da amiga. – O que é que é coincidência?

– Oh! Bem, nada de especial…– Instada pelo olhar inquiridor de Annie, Magie acabou por falar, suspirando simultaneamente. – É que… recebemos uma carta, lá no escritório.

Recebemos? Tu e mais quem?

– Bem… a carta era… para nós as duas. Mas achei melhor não ta mostrar, pelo menos, não nesta altura… estes meses têm sido péssimos, não parecia… adequado.

– Escondeste-me correspondência porque não te parecia adequado? Magie, acho que tenho o direito de decidir por mim o que é ou não é adequado. Exijo ver essa carta. De quem é? Quando é que chegou?

Magie parecia, pela primeira vez, verdadeiramente pronta a resmungar contra um pedido de Ann. Esta notou que a amiga se mostrava reticente em aceitar e irritou-se ainda mais.

– Magie, eu não sou nenhum bebé! Quero ver essa carta imediatamente! Quem foi que a mandou? Foi este Greg?

– Não, Annie, não foi. Ouve, talvez se falarmos as duas, primeiro, sobre isto… deixa-me telefonar ao homem, pode ser que ele se consiga explicar melhor.

– Não, Magie! Eu quero ler essa carta! Eu tenho esse direito! E agora, fazes o favor de me dizer quem a mandou.

– Mas…

– Não há mas nem meio mas, Magda Harris. Quem foi que a mandou? Estou mesmo prestes a ter um ataque de nervos! Vamos por as coisas nestes termos: ou me dizes ou despeço-te agora mesmo e nunca mais te falo durante o resto da minha vida.

Magda estava notoriamente desesperada. Ann sabia que ela estava mais preocupada com o facto de perder a sua amizade do que com o facto de perder o emprego, mas neste momento estava demasiado zangada para refrear os nervos.

Levantando-se, Magie andou de um lado para o outro no escritório. Depois, como que tomando uma decisão, olhou fixamente para Ann.

– Tu havias de descobrir, mais cedo ou mais tarde. Só não esperava que fosse tão cedo.

Remexendo na mala de mão que trazia, Magda retirou um envelope amarelado e meio amachucado. Mantendo-o na mão, alertou Annie.

– Ouve-me bem. Nem para mim foi fácil ler estas curtas linhas. Aparentemente, segundo disse o estafeta que a trouxe, esta carta foi mandada há 7 anos, com uma ordem específica para ser entregue no nosso escritório no preciso dia 3 de Dezembro de 2013, ou seja, hoje, às 13h15. – Nesse momento, Ann murmurou “Típico: exactamente na minha hora de almoço.” – E a ordem incluía que devia passar por mim primeiro.

– Muito bem. E quem a mandou, há 7 anos, com essas ordens todas?   

 Magie hesitou. Depois, como se não pudesse aguentar mais, desabafou:

– Tu.

 

 

O que achas que aconteceu? Como pôde Ann mandar uma carta a si mesma, sem se lembrar? 


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escrito por Palavreadora às 14:58
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Quinta-feira, 6 de Setembro de 2007
O e-mail

 3 de Dezembro de 2013, 18h30

 

Ann estava com pouca ou mesmo nenhuma vontade de ir ao convívio, à noite. Passara o dia no escritório e certas coisas que haviam acontecido contribuíram para lhe ferver os nervos, já de si tão sensíveis, nesta altura trabalhosa – o doutor Connwell, inclusivamente, e tal como Magie previra, só contactara a sua assistente por volta das 12:15 e o trabalho de que ficara incumbido não estava nem próximo do fim.

Ao regressar a casa, por volta das 18:30, Ann despiu o fato e dispensou alguns minutos e uma boa quantidade de mimo a Ruffles, após o que tomou um duche rápido. Mais aliviada do stress desse dia, dirigiu-se ao quarto e reparou que Regina colocara na cama, com todo o cuidado, o longo vestido vermelho, sem alças, que usaria nessa noite, ao jantar, bem como a mala e os sapatos a condizer que Magie havia encomendado dias antes a uma estilista jovem e talentosa em rápida ascensão.

Ainda de toalha à volta do corpo, dirigiu-se ao computador portátil moderno que repousava no escritório contíguo ao quarto. A máquina emitiu os sons musicais habituais, ao ligar e exigir a palavra-chave que permitiria aceder ao ambiente de trabalho.

Enquanto Ann esfregava vigorosamente o cabelo molhado, o aparelho alertou-a com um sonoro apito da chegada de mensagens novas ao correio electrónico. Carregando numa série de teclas que lhe permitiram aceder à sua conta, Ann emitiu um suspiro quando observou a caixa de entrada com 7 mensagens novas, 3 delas do seu noivo Matt – cada vez mais aborrecido com o facto de não ver Ann há dois dias – e uma de um site qualquer sobre o Harry Potter que Kyla, a sua sobrinha de 13 anos – filha da sua irmã mais nova, Maria – devia ter consultado na sua ausência. Duas outras mensagens constavam do que Ann costumava apelidar de lixo virtual, pelo que as apagou de imediato.

A última mensagem não tinha o assunto explicitado. Aparentemente, tinha sido enviado apenas para ela pelo autor de um blog que ela nunca tinha visitado – começou a pensar que deveria ter uma conversa séria com Kyla sobre as navegações que fazia no seu computador.

        Ao abrir a mensagem, ficou, desde logo, espantada com a saudação inicial do autor do blog. Aparentemente, Kyla não tinha nada a ver com o assunto.

 

 

 

 

 

Cara Ann Claire,

 

Não deve, provavelmente, conhecer-me nem ao meu trabalho. Chamo-me Greg Marshall e sou o criador de um blog e de um site, bem como autor de diversos livros, sobre previsões do futuro e leituras de vibrações relativas a factos do passado, lidas através de medidas pouco convencionais, ou seja, através de medidas que nada têm a ver com as tradicionais cartas de Tarot e bolas de cristal, mas sim com métodos científicos ainda em estudo. Peço-lhe, antes de mais nada, que não apague esta mensagem antes de a ler até ao fim. Não estou, de modo nenhum, a fazer pouco de si.

 

 

Sou irmão do falecido Alexander Marshall, que conheceu, se não me engano, desde os seus 7 anos de idade até à data da morte de Alex (no dia 9 de Novembro de 2006, ou seja, no dia em que completava 18 anos), portanto, até aos seus próprios 17 anos.

 

 

 

 

 

Ann sentiu, neste momento, um baque no coração – se é que era possível que o seu coração continuasse no seu peito depois da recordação daquele nome: Alexander. Teve uma repentina necessidade de se sentar – aparentemente, as suas pernas não tencionavam obedecer-lhe mais. O e-mail continuava.

 

 

Repito o que disse anteriormente: isto não é nem pretende ser uma brincadeira de mau gosto.

 

Gostaria, apenas, de poder dizer-lhe algo que descobri hoje de manhã. É algo relativamente perturbador, sobre algo que se poderá passar, se não me engano, ainda esta noite e que, se não for controlado, poderá alterar certos percursos naturais do fluxo do tempo, implicando, inclusivamente, algo relacionado com a morte de Alex. Sei que parece complicado de entender, mas agradeceria que pudesse telefonar-me, o mais rápido possível, para o número que indicarei depois, a fim de poder explicar tudo o melhor possível. Penso ser justo dizer que se trata de uma emergência.

 

Agradecido, desde já, pelo seu tempo e com os melhores cumprimentos,

 

Greg Marshall

 

 

A mensagem continha, ainda, os números de telefone de Greg, tanto de casa, como de telemóvel e do trabalho. No fim, seguia-se um Post Scriptum que não contribuiu, em nada, para acalmar os tremores que haviam surgido nas mãos de Ann que, a esta altura, estava prestes a deixar correr grossas lágrimas de desespero e profunda tristeza, ante as recordações que pensara estarem esquecidas.

 

 

P.S.: Por favor, contacte-me mesmo. No entanto, para o caso de não poder telefonar-me hoje, aceda, pelo menos, a um pedido meu, por muito estranho que lhe possa parecer: segundo os dados que obtive, vai estar presente, hoje, numa festa ou num jantar que envolverá bastante gente. Peço-lhe que não vá, pelas razões, ainda que pouco claras, que supracitei. Ainda não se tornaram específicas, para mim, as implicações que a sua presença nesse jantar, excepto num ponto: a sua participação poderá tornar-se perigosa, e, lamento dizê-lo, talvez não só para si e para a sua vida, mas também para a vida daqueles que a rodeiam.

 

O que achas que se pode passar no jantar que tornará a participação de Ann perigosa?


o que consta: ,

escrito por Palavreadora às 20:09
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Dia 1 - quando os problemas começam

3 de Dezembro de 2013, 6h30

 

      Ann Claire cumpriu, nesse dia, a mesma rotina pontual que a levava a levantar-se todos os dias às 6:30, vestir rapidamente um fato de treino justo e fazer uma festa rápida na dourada cabeça de Ruffles, o seu Golden Retriever, para fazer, de seguida, jogging no Parque da Cidade perto do duplex que possuía na melhor zona da cidade; regressava a casa às 7:30 para tomar um banho de dez precisos minutos e tomar um completo pequeno-almoço de tostas com manteiga, café com leite, sumo de fruta variada e, por vezes, alguns cereais, quando o apetite assim exigia. Era tudo preparado com tempo e pontualidade por Regina, a velha empregada de Ann, uma senhora forte, atenciosa e atenta aos pormenores.

      Ann saiu de casa, como sempre, por volta das 8:00, conduzindo o seu BMW desportivo e prateado pelas sinuosas e labirínticas ruas da movimentada cidade. Enquanto olhava para a o táxi à sua frente, à espera que avançasse ao sinal verde do semáforo, – deitando também, rápida e impacientemente, um olhar para o elegante Timex no pulso esquerdo – Ann clicou nalguns botões do telemóvel topo de gama e colocou-o, em seguida, no suporte próprio para telemóveis afixado no tablier do carro.

O aparelho emitiu, em alta voz, o típico som de chamada que aguardava por ser atendida. Quando tal se verificou, ouviu-se o típico clique e Ann, concentrada, falou de imediato:

– Magie, o doutor Connwell já ligou para aí?

– Bom dia! Claro que passei uma boa noite e que estou fina que nem um pêro, chefinha! – Denotava-se, pelo tom de voz de Magda, que deveria ostentar um sorriso compreensivo e, simultaneamente, irónico, naquele momento. Afinal, conhecia Ann há mais de doze anos e sabia perfeitamente que ela era viciada em trabalho.

– Desculpa, tens razão. Bom dia. Mas bolas, Magie, quantas vezes preciso de te pedir que não me chames isso?! – Respondeu Ann, carregando no acelerador quando o táxi, à sua frente, finalmente arrancou.

– Bem, bem… alguém acordou bem-disposta hoje, hein? – Riu-se Magda, irónica – Então, conta lá… o que foi desta vez? A Regina esqueceu-se de passar uma camisa a ferro ou foi aquele janota do parque que costumas ver a fazer jogging que não apareceu?

– Juro, Magie, que não entendo como consegues dizer este tipo de piadas às 8:12 da manhã… E não, o janota não estava lá, mas isso agora não importa nada, porque estou a ligar para saber se o Doutor Connwell já contactou o escritório, hoje.

– Pois, como se fosse possível estares a ligar-me para falar de outra coisa que não fosse trabalho… enfim! – Exclamou Magie, fingindo um suspiro afectado. – Não, o doutor não ligou, deve, provavelmente, estar a fazer aquilo que me apetecia neste momento… deve estar na cama, a dormir! Caramba, Annie, são 8:12 da manhã, tu própria o disseste. O homem ainda vai dormir até às 11:00, senão mais, escreve o que eu te digo…

– Oh, nestes dias complicadíssimos? E agora que estamos tão próximos do produto final? Duvido. – Devolveu Ann, revoltada contra o facto de haver trabalhadores que pudessem sequer pensar em iniciar o dia de trabalho depois das 9.00 da manhã.

– Mas ouve… quem ligou foi o Matt… quer saber onde andas, diz que passou ontem o dia inteiro sem a noiva amada! Pobre rapaz, Annie. Mais umas horas sem admirar a beleza da tua pessoa e, provavelmente, morre.

– Ai, Magie, que exagero… já lhe expliquei montes de vezes que tenho trabalho para fazer e que este é dos meses mais trabalhosos do ano… ele vai ter de esperar! Se o doutor ligar, diz-lhe para ir para o escritório, para falarmos pessoalmente e avisa-me. Antes de ir para aí ainda vou passar por casa da minha mãe, para ver se está melhor da gripe. Já agora, telefona para a florista, por favor, e manda um ramo de rosas amarelas para lá.

– De acordo, e Annie!... – Chamou Magda, antes que a amiga desligasse. – Não te esqueças da festa desta noite, com aquele indiano Aidan Kanishka. – Lembrou a assistente, provocando um virar de olhos contrariado por parte de Ann. Como que adivinhando, Magie admoestou – Não há mas nem meio mas, não vale a pena revirares os olhos e pensares em maneiras de te safares da festa, porque já confirmei a tua presença. De qualquer modo e segundo o convite que ele mandou, vai ser uma noite inesquecível, com uma surpresa dedicada a ti à mistura.

Despedindo-se, ambas desligaram os aparelhos, ainda inconscientes da importância que essa noite teria nas suas vidas. Essa era a noite em que a Vontade falava mais alto e em que nada do que conheciam voltaria, jamais, a ser igual.

O que achas que poderá afectar a vida desta bem-sucedida empresária?


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escrito por Palavreadora às 19:36
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Prólogo

Dezembro de 2013

Ann Claire Gauthier tinha 24 anos e estava noiva de Matthew Saunders há três meses. Não se podia dizer que ela tivesse a certeza absoluta do que estava a fazer, ao casar-se com um homem que conhecia há apenas nove meses, mas quem a visse e julgasse apenas pela bonita e bem cuidada aparência, suspeitaria apenas de que ela era uma mulher de sucesso feliz que sabia muito bem que decisões tomar.

          Na realidade, Ann era uma empresária arrojada, aventureira e bem sucedida no ramo da mais moderna tecnologia. Uma Bill Gates de saias, digamos assim. A fortuna que fizera no início da carreira, nuns míseros três anos, devera-se ao planeamento e posterior construção de avançados e ultramodernos protótipos de sistemas de elevada segurança que protegiam, agora, as mais distintas figuras dos governos dos Estados Unidos e de países da Europa e da Ásia, bem como sistemas de segurança menores, mas bastante eficientes, para uso doméstico, vendidos em larga escala para o mundo inteiro. Ann era, agora, presidente da A.G. International Security Sistems.

         Para além de bilionária, Ann era uma linda mulher. Alta e elegante, morena, de cabelo encaracolado, castanho e volumoso, de olhos igualmente castanhos, misteriosos. Os fatos claros de marca que usava praticamente todos os dias, combinados com destreza com sapatos clássicos de salto alto, para trabalhar no enorme edifício repleto de escritórios de que era dona, concediam-lhe um ar de profissional com a qual não era inteligente discutir. E essa era a pura verdade.

         No entanto, nem tudo na vida de Ann era um mar de rosas. Desde os seus 17 anos que escondia no árduo trabalho todo o tipo de problemas pessoais que pudessem causar preocupação à família e amigos ou que pudessem desconcentrá-la. O seu trabalho era a sua concha. Uma máscara para a sociedade, aplicada com a perícia de quem quer uma vida perfeita e prática, longe de sentimentalismos e emoções desmesuradas e inúteis.

Esse forte que erguera à sua volta era praticamente impenetrável e conhecido, apenas, pela sua amiga da juventude e, agora, assistente, Magda Harris, que, desde que conhecera Ann, criara um profundo laço de amizade que acabou por as unir desde os tempos do Secundário até aos dias de hoje.

Um laço de amizade inquebrantável, mesmo quando ambas haviam seguido diferentes cursos, na faculdade, e que as levara a aliar esforços, mais tarde, para construir a grande empresa. Um laço de amizade invisível e intocável, que as levaria muito além do humanamente imaginável, na busca de uma felicidade que o Destino parecia colocar a anos-luz de ambas, mas que poderia estar mais próxima delas do que imaginavam. Essa felicidade estava, mais que tudo, na própria Vontade.

 


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escrito por Palavreadora às 12:57
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